Narrado do por Giovani Ferreti:
Era um restaurante à beira da falência ou à beira de um golpe. Luxuoso demais para os tempos de hoje. Um dos poucos em San Marino onde ainda se servia vinho em taças de cristal, e onde os garçons pareciam treinados para não ver nada, mas ouvir tudo. Sentei à mesa mais afastada, de frente para o salão, como sempre fazia — jamais dou as costas para a porta.
Foi então que a avistei, ali sentada a mesa.
Por um instante, tudo silenciou.
Vestia um longo verde que colava às suas curvas como pecado líquido. Ombros nus, pele dourada sob as luzes mornas. Os cabelos negros estavam presos com pinos de madrepérola, deixando o pescoço exposto, longo, tentador.
Ela ria. Com um homem ao lado.
Alto, arrogante. Terno azul-marinho e um relógio de ouro que gritava que ele precisava compensar alguma coisa. Sentaram-se à mesa central. Ele tocou sua cintura com familiaridade. Ela fingiu não perceber.
"Namorado?" Pensei. "Ou apenas um fantoche com anel no dedo?"
A visão dela