Narrado por Antonella Bellini:
Na varanda envidraçada, o café já nos esperava disposto como um banquete — frutas cortadas com precisão cirúrgica, pães ainda mornos, geleias artesanais e até flores frescas sobre a mesa. A formalidade era o disfarce perfeito para as rachaduras que aquela casa escondia.
Irina Ferreti chegou pontualmente. Vestida de branco. Sempre de branco.
Como se o luto tivesse sido transfigurado em elegância.
Ela atravessou a sala com a postura de uma imperatriz e um perfume caro demais para uma manhã qualquer. Cada passo seu parecia ecoar histórias que ninguém ousava contar. Cumprimentou minha mãe com um leve toque nos dedos, ignorou o beijo oferecido por Scarllet e apenas assentiu para mim — fria, econômica, calculada.
Sentamo-nos à mesa. Um ritual de máscaras, onde cada gesto era ensaiado. Cada silêncio, preenchido de intenções.
— Então, Scarllet — disse Irina, servindo-se de uma fatia de brioche com a precisão de quem maneja um bisturi —, creio que em breve terá s