Narrado por Antonella Bellini:
Eu me senti deslocada.
Como uma página colada num livro de luxo.
Todos estavam impecáveis, bem-vestidos, parecendo prontos para um editorial de moda ou uma reunião de cúpula empresarial. E eu ali... numa saia de colegial, com meu cachecol branco, a blusa de algodão, as botas marron e um cabelo que não teve tempo de conhecer o babyliss.
Havia um silêncio cortante entre goles de café e talheres se chocando em porcelanas caras.
Os estrangeiros à mesa me analisavam como quem estranha o ingrediente inesperado de uma receita clássica.
Mas eu fingia naturalidade.
Não que fosse boa nisso.
Mas eu precisava tentar.
— Quando tudo passar, iremos a Veneza. E talvez… eu finalmente conhecerei a Capadócia. Vai ser bom conhecer com você. — murmurou Giovani, me olhando de lado, tentando quebrar aquela bolha invisível de exclusão.
Ele me olhou, os olhos varreram todos à mesa antes de se fixarem em mim.
— Se arriscará à China também? — arrisquei, sorrindo leve. — Eu sempre