Narrado por Antonella Bellini
O portão rangeu com aquele som familiar de ferrugem antiga, o mesmo que eu escutava desde menina. A fachada da residência Bellini me pareceu maior do que eu lembrava… ou talvez fosse só o peso que carregava nas costas.
Caminhei para casa, com a mala em mãos, ainda tonta pelo gosto dos beijos de Giovani, pela imagem de Scarllet nos observando da varanda… e por aquele misto de pertencer e não pertencer mais a esse lugar.
A porta da frente se abriu antes mesmo que eu pudesse tocar a campainha.
— Ella? — a voz rouca e gentil de Domenico me alcançou como um alívio.
— Dom... — sorri, ainda que trêmula.
Ele correu até mim, pegou minha mala e a levou como se fosse leve. Me olhou como se estivesse vendo um milagre.
— A casa estava vazia sem você. Nem parecia lar. — disse, com aquele carinho antigo de quem sempre cuidou da gente desde pequenas.
— É realmente saudade de mim ou somente fome de me bater? — respondi, tocando o braço dele.
Eu queria chorar. Porque por u