Narrado por Antonella Bellini
Os dias passavam arrastados, como se o tempo também estivesse adoecido junto da casa Ferreti. Scarllet… pobre Scarllet. Carregava nos olhos um brilho apagado, um sofrimento silencioso por um homem que talvez sequer soubesse da existência daquele maldito acordo.
No início, confesso: eu o odiei. Por ver minha irmã consumida, por ouvir os soluços dela atravessando a madrugada. Mas... se ele nunca soube, como eu poderia culpá-lo? Não se pode condenar alguém por ser apenas uma peça movida nas sombras.
Ainda assim, tudo parecia se entrelaçar de forma cruel. O destino, a política, os sentimentos. Tudo embolado num emaranhado de mentiras e promessas que nunca foram nossas. Nem minhas.
Cheguei à praia quando o céu já escurecia, tingido de tons entre o violeta e o luto. O vento soprava com uma tristeza que parecia minha. Me sentei sobre a areia fria, com o livro em mãos — como se eu ainda fosse aquela mesma garota que lia para esquecer. Mas eu já não era. Jamais se