Narrado por Giovani Ferreti:
Retornei a San Marino quase pela tarde, a cidade respira fumaça, pólvora e silêncio comprado.
E eu sou o homem no topo, o que carrega o sobrenome que ainda mete medo.
O nome Ferreti não é mais o mesmo de antes, mas o suficiente para que ruas se calem quando passo.
Para que homens cuspam o chão antes de pronunciar.
Para que mulheres se ajoelhem, oferecendo sexo como moeda de sobrevivência ou acesso.
E eu? Aprendi cedo a engolir o asco.
Aqui não existe “não gosto”. Aqui ou você domina, ou vira mercadoria.
E hoje, a mercadoria era gente.
Mais uma remessa do porto chegou com nomes falsos e passados forjados — servos modernos do tráfico humano.
A máfia nunca dorme.
A máfia se alimenta de carne, de alma, de medo.
Entrei na sala abafada do Cassino Il Canto, que esconde mais cadáveres do que máquinas caça-níquel.
Gabriele me esperava, terno molhado de suor, gravata frouxa.
— Chegaram mais doze meninas. Doze. — disse ele, como se contasse sacos de batata.
Respi