NARRADO POR ANTONELLA BELLINI
A areia ainda estava quente, mesmo com a brisa fria da madrugada batendo no meu rosto.
Meus pés afundavam lentamente, como se o mar quisesse me puxar, como se ele também quisesse que eu desaparecesse com ele. Deitei perto das ondas, ainda vestida, com o vestido grudando no corpo pelo sal das lágrimas, não do oceano. O céu, cheio de estrelas, me lembrava que o mundo era grande demais, e mesmo assim eu só conseguia pensar em um nome: Giovani Ferreti.
Ele tinha ido.
E por um momento, só por um momento, eu desejei que não tivesse me obedecido.
O som do motor chegou antes da luz dos faróis. O ronco familiar. O cheiro do fumo amargo. Meu pai.
Fechei os olhos e desejei que fosse só o vento.
— Antonella... — a voz dele cortou o silêncio como faca no ventre. Grave, cansada. Preocupada, mas não no sentido em que eu queria.
Sentei com dificuldade, a pele dos braços eriçada. Ele caminhou até mim, os sapatos enterrando na areia, o terno desalinhado demais para alguém