Anna

Hassan está no restaurante esta noite. Faz dias que não o vejo.

E lá está ele — impecável, imponente — sentado à mesa mais reservada do salão.

Acompanhado de uma ruiva alta.

Linda. Elegante.

Deve ser sua amante da noite.

Um sentimento ruim me toma, quente, amargo, queimando como fel. Mas curiosamente, ele me dá energia.

Dança é emoção — e eu a tenho de sobra agora.

Evito olhar para sua mesa, mas cada célula do meu corpo sabe que ele está ali.

Então deixo que minha raiva me guie.

Meu corpo se move de maneira sinuosa, vibrante, entregue à música. Cada toque de tambor é um golpe no meu próprio orgulho, cada ondulação é um desafio silencioso.

O público vibra — assobios, palmas, gritos.

O ar está elétrico.

Lanço um olhar furtivo para Hassan.

Seus olhos estão fixos em mim — duros, quentes, hipnóticos.

A ruiva tenta chamar sua atenção, toca seu rosto com delicadeza.

Ele não reage.

Desvio o olhar, o coração disparado.

Droga! Esse homem me provoca sentimentos tão contraditórios.

Raiva e d