A noite caiu pesada sobre os telhados da nova fortaleza. O vento assobiava entre as torres como um presságio antigo, e a lua, quase cheia, parecia observar tudo lá do alto — silenciosa, cúmplice, julgadora.
Aurora caminhava pelos corredores escuros como uma sombra. Não queria ser vista, não ainda. Darius dormia, exausto depois de uma reunião com os anciãos das duas matilhas. E ela… precisava fazer aquilo sozinha.
O ventre pesava. Não fisicamente — ainda não. Mas o lobo que crescia dentro dela pulsava com poder. Às vezes, ela sentia como se outra alma tocasse a dela, chamando, sussurrando segredos que ainda não sabia decifrar.
Parou diante da porta coberta por folhas secas e símbolos ancestrais. A caverna de Morgra.
Aurora bateu uma vez. A madeira gemeu. A voz da velha surgiu do escuro, rouca como pedra:
— Eu senti você. Entra.
A jovem loba respirou fundo e entrou. O ambiente era abafado, repleto de ervas penduradas e velas acesas que pareciam queimar com um fogo que não vinha desse mu