Enrico
A luz do abajur lançava sombras suaves sobre o rosto de Giulia. Ela dormia como se nada existisse além daquela cama, do travesseiro onde seus cabelos se espalhavam como seda escura. Seus lábios entreabertos murmuravam qualquer coisa incompreensível, perdida nos sonhos. Eu deveria estar em paz por vê-la assim. Mas tudo dentro de mim gritava.
Primeiro o sequestro. Agora, Victorio dentro da minha casa.
A casa que deveria ser segura.
Cruzei os braços sobre o peito, lutando para sufocar a sensação de impotência. Eu a conhecia bem demais. Era a mesma que me corroeu há anos. Patrizia.
Mesmo quando tento não pensar nela, ela volta. Basta o silêncio... Basta Giulia adormecida.
"Enrico..."
O som da voz de Patrizia sussurrando meu nome ecoa na minha mente. Vejo o sorriso dela. Um sorriso resignado, doce e amargo ao mesmo tempo. Estávamos no nosso quarto. Giacomo tinha acabado de adormecer. Patrizia vestia o robe de cetim azul que adorava, os cabelos molhados caindo nos ombros.
"Promete qu