Giulia
O cheiro de pólvora ainda parecia pairar no ar da mansão.
Aquela noite tinha sido um pesadelo: Victorio fugira, e um dos seguranças, leal a Enrico há anos, quase perdera a vida tentando impedir.
Agora, a segurança estava reforçada, e os olhos atentos da equipe não descansavam um segundo sequer.
Giulia, no entanto, mal tinha forças para se preocupar com o que acontecia ao seu redor.
Ainda se recuperava do atropelamento brutal que quase custara sua vida — e a do bebê que carregava.
No quarto amplo, repousava cercada por almofadas e cobertores, olhando o jardim pela janela aberta.
O som dos passarinhos lá fora parecia tão distante...
Tudo nela ainda doía — o corpo, a mente, o coração.
Foi então que uma batida leve na porta chamou sua atenção.
— Pode entrar — disse, a voz baixa.
Uma das empregadas se aproximou, um pouco sem jeito.
— Senhora Giulia... tem visita. A dona Donatela.
Giulia piscou, surpresa.
Donatela?
A mulher com quem ela mal falava?
Aquela que ela sabia —