— Seus pais parecem muito próximos — comentei, tentando quebrar o silêncio leve que se formou. — É bonito de ver.
— São, sim. — respondeu, pegando os pacotes de chá no armário. — Sempre foram meu porto seguro.
— Dá pra ver que eles têm orgulho de você.
Ele soltou um riso curto, sem humor.
— Espero que sim. Mas às vezes acho que decepcionei os dois quando parei de viver de verdade.
— O importante é o que faz no presente — murmurei, sem conseguir disfarçar o quanto aquelas palavras me tocavam.
— Sim. — Ele me olhou, e senti o olhar dele me atravessar. — O presente.
A água quente encheu a xícara, e o cheiro de camomila com hortelã se espalhou pela cozinha, como se quisesse nos envolver num abraço invisível.
— Quando eu era pequeno, tudo o que acontecia eu contava aos meus pais — ele disse, mexendo o chá. — Eles sempre me incentivaram a isso. Eu chegava da escola e eles perguntavam como foi, o que eu aprendi, o que eu mais gostei... eu mal via a hora de chegar pra contar tudo.
Olhei pra