Olhei para nossas mãos, e depois para ele. Os olhares se encontraram, e um arrepio subiu pelas minhas costas. Foi automático lembrar do que Silvio me disse: “nunca demonstre interesse, ou será o fim do emprego.”
Será que esse olhar... fazia parte de algum tipo de teste?
Será que ele agia assim com todas as funcionárias?
Ou talvez fosse apenas... genuíno — uma tentativa de consolar alguém que chorava na cozinha dele no meio da madrugada.
Antes que meu cérebro entrasse em curto, puxei minha mão bruscamente e agarrei a xícara, desviando o olhar.
— Imagino que tenha sido difícil pra você, crescer sem família. — Ele disse, tomando um gole do chá. — Espero que no orfanato tenha sentido, ao menos um pouco, o que é ter amor de verdade.
— Sim — respondi com um pequeno sorriso, lembrando de Elaine e das outras. — Elas sempre foram muito boas comigo. Muito amorosas com todos.
Ele assentiu em silêncio, como se estivesse digerindo mais do que as próprias palavras.
— Que bom. — murmurou. — Eu me p