(Narrado por Dra. Lorena Mello)
Ele caiu em meus braços como um peso morto.
Mas o peso que senti não era somente o do corpo dele.
Era o peso de uma vida que tomou um rumo errado, do amor que nunca deveria ter sido meu, do erro que cometi ao acreditar que poderia salvar alguém sem perder a mim mesma no processo.
A seringa ainda estava em minha mão.
Pequena, limpa, mas manchada com tudo aquilo que eu desejei nunca ter que usar.
Midazolam, 5 miligramas.
A dose exata para silenciar um corpo atormentado.
Mas não há dose que possa silenciar um coração em pedaços.
Nem o dele.
Nem o meu.
A cabeça dele pendia em meu ombro.
O corpo ainda tremia, lutando contra o torpor que se instalava.
As mãos que, momentos atrás, agarravam meu braço, agora estavam soltas, vazias, inertes.
E eu… abracei.
Abracei-o com a força de alguém que tenta juntar os cacos de um homem quebrado usando seu próprio corpo.
Abracei porque era tudo o que eu tinha a oferecer.
— “Me perdoa…” — sussurrei, mais uma