**(Narrado por Lorena Mello)**
O som do monitor cardíaco preenchia o ambiente do quarto, uma sinfonia de batimentos constantes e respiração lenta. Contudo, a atmosfera que pairava entre nós era densa e opressiva, muito distante do que se espera em um lugar destinado à cura.
Dante estava deitado, aparentemente dormindo, ou talvez apenas simulando o sono. Em alguns momentos, seus olhos se abriam lentamente, fixando-se no teto, como se tentasse resgatar fragmentos de um sonho que lhe escorriam entre os dedos. E, em outras ocasiões, ele me encarava.
Não o fazia com medo, mas sim com uma confiança silenciosa que me apertava o coração. Era como se ele dissesse: “Eu não me lembro, mas sei que foi você quem me segurou.”
E eu o segurei.
Mas agora…
eu sentia que estava escorregando.
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De repente, o telefone tocou.
Uma linha segura. Um número mascarado, o único que ainda utilizava.
Atendi.
— “Dra. Lorena?”
— “Sim.”
A voz do outro lado soava baixa e tensa, como a de alguém que fala