O tempo não apagou, mas suavizou as feridas.
Nos primeiros dias após o término, Elara viveu em uma espécie de neblina. As manhãs eram cinzentas, as noites, longas demais. Dormir parecia um luxo, comer, uma obrigação. Ellen, sua melhor amiga e companheira de apartamento, tentava distraí-la — preparava café, falava sobre séries novas, insistia em saírem —, mas a dor de Elara tinha raízes profundas, e arrancá-las não seria simples.
Durante semanas, ela evitou abrir as redes sociais, temendo qualquer imagem de Adrian que pudesse surgir. Não havia mais mensagens, nem ligações. O silêncio, antes tão ansiado, agora doía como ausência.
Certa noite, Ellen entrou em seu quarto e encontrou Elara sentada na cama, com o laptop aberto em uma tela em branco.
— Está tentando trabalhar? — perguntou, apoiando-se no batente da porta.
— Tentando, — respondeu ela, sem tirar os olhos da tela. — Mas as ideias não vêm. Parece que tudo o que eu escrevo está... vazio.
Ellen se aproximou, sentando-se ao lado de