A Rejeitada do Alfa: Renascendo para o Amor
A Rejeitada do Alfa: Renascendo para o Amor
Por: Aurality
Capítulo 1 - Início das Aulas

POV Nyvie

Acordei pelo menos uma hora antes do despertador tocar, não por vontade própria, mas pela voz da minha mãe ecoando pela casa como a ordem de um Alfa:

— Nyvie, querida, tá na hora! O café da manhã já tá na mesa!

Revirei os olhos, ainda deitada, enterrando o rosto no travesseiro com um resmungo abafado. Era sempre assim. Não importava o quanto eu protestasse, ela insistia naquele ritual matinal como se o destino do mundo dependesse de panquecas quentinhas, não vou negar que eu amava esse cardápio, podia sentir o cheiro delas do meu quarto.

— Mãe, já falei que não precisa me acordar antes do despertador, eu acordo às oito. — gritei de volta, sabendo que não adiantava discutir.

— Filhinha, as panquecas com calda de chocolate vão esfriar, são as suas favoritas! Eu tenho um parto cedo no hospital da matilha, então não vou conseguir te esperar pra gente comer juntas.

Suspirei, derrotada pela ameaça mais poderosa que conhecia: panquecas com calda de chocolate, eu não poderia perder isso.

— Tá bom, já tô descendo. Eu cuido da louça depois, tá? Te amo mãe.

— Também te amo, meu bem. Boa aula! Se cuida florzinha.— respondeu e em seguida, o som da porta se fechando com aquele clique suave que selava seu adeus apressado. Ela adorava me provocar me chamando de florzinha, já que nosso sobrenome era Flower, herdado de meu pai. Mas confesso que adoro esse sobrenome.

Minha mãe, Beth, não era só uma mãe incrível. Era a Curandeira e Médica-Chefe da nossa alcatéia, um verdadeiro furacão de competência e doçura quando se tratava de trabalho. Mesmo com uma equipe inteira à disposição, fazia questão de estar presente nos casos mais críticos: partos, ferimentos graves, filhotes doentes. Era como se não conseguisse confiar plenamente em ninguém, que não fosse ela mesma.

E ainda assim... nunca deixava de cuidar de mim como se eu ainda fosse a pequena filhote de anos atrás, eu já estava com dezessete anos.

Desci as escadas me arrastando, mas despertei de vez com a visão da mesa posta. Panquecas douradas cobertas com calda brilhante, frutas cortadas milimetricamente em cubos perfeitos, bolo ainda soltando vapor que ela deve ter acabado de tirar do forno, suco de laranja natural... e um café expresso feito na cafeteira.

Agradeci silenciosamente à Deusa da Lua, por ter me dado aquela mulher em minha vida.

Comi devagar, saboreando cada detalhe como se fosse minha última refeição antes do apocalipse zumbi. E depois, deixei a cozinha tão impecável que ninguém acreditaria que um furacão de fome e sono passou por ali, no caso eu.

Subi de volta, tomei um banho quente que lavou a preguiça e a saudade da cama, me arrumei no piloto automático. Maquiagem leve, só pra destacar meus olhos verdes como relva molhada, era de um tom escuro e ia clareando no meio, herança direta da minha mãe. Os cabelos negros caíam em ondas soltas até a cintura, o uniforme branco com detalhes verdes fazia contraste com minha pele clara. O símbolo do lobo uivando para a lua no peito parecia brilhar mais do que devia, Silver Moon era o nome de minha alcatéia.

Simples, mas elegante na medida do possível.

Encarei meu reflexo no espelho por alguns segundos.

Pronta. Ou quase isso.

A escola ficava a poucas ruas de casa, uma das vantagens de ser filha do antigo beta da alcatéia. Meu pai sempre foi respeitado, ele era o braço direito do Alfa Garrett. Um verdadeiro guerreiro. Ele lutava ao lado de meu tio Harry. Ele não era meu tio, mas eu o considerava, pois ajudou meus pais a cuidar de mim.

Até que ele morreu.

Dois anos atrás, defendendo a fronteira contra lobos renegados.

Lembro de cada detalhe: a ligação inesperada do Alfa, o silêncio pesado do outro lado da linha... e então o grito da minha mãe. Um som tão desesperado, que ainda vibra dentro de mim quando fecho os olhos. Eu odiava lembrar o dia que perdi meu pai.

Quando um vínculo de companheiro se rompe, não é só dor. O lobo que ainda permanece vivo, perde parte de sua alma.

Ela nunca mais foi a mesma. E eu... aprendi a sorrir mesmo com o peito estilhaçado.

Cheguei à escola e fui recebida com o impacto de dois furacões humanos.

— NYVIIIE! — gritaram Sther e Robert ao mesmo tempo, me cercando em um abraço tão apertado que pareciam dois ursos.

.

E ali, naquele instante sufocada de carinho, lembrei do quanto era bom ter amigos verdadeiros como eles.

Nós três éramos inseparáveis desde sempre. Crescemos juntos, treinamos juntos, sobrevivemos aos dramas adolescentes juntos. Os mais velhos nos chamavam de “os três mosqueteiros”, o que sempre nos arrancava uma risada.

Éramos diferentes, mas nos completávamos. Uma pequena matilha dentro da matilha Silver Moon.

E sabíamos que, ao completar dezoito, tudo mudaria. Os nossos companheiros apareceriam... e nossas vidas poderiam seguir por caminhos que talvez nos separassem para sempre.

Mas por enquanto, eu só queria isso.

Eles ao meu lado e nossas risadas sinceras.

E, quem sabe, num golpe da Deusa da Lua, nossos companheiros predestinados se dessem bem também.

Talvez fosse um sonho bobo.

Mas era o meu sonho.

E eu ainda não estava pronta para abrir mão dele.

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