O amanhecer veio pesado.
O ar estava frio, úmido, carregado de algo que eu não sabia nomear — uma mistura de saudade, raiva e... necessidade.
Passei a noite sem dormir, cada pensamento girando em torno de um único nome: Augusto.
Ele tinha ido embora de novo.
Sem explicações, sem olhar pra trás, como se fugir de mim fosse o único modo de se manter vivo.
Mas o que ele não entendia era que, quanto mais se afastava, mais eu sentia.
Mais o cheiro dele grudava na minha pele, mais o coração disparava do nada, mais a minha loba se agitava.
Não era normal.
Nada daquilo era.
Desde o instante em que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, algo dentro de mim reconheceu aquele homem.
Era uma conexão que queimava — profunda, selvagem, antiga.
E, ainda que eu tentasse negar, o vínculo já estava sendo traçado.
Desci até o pátio da propriedade onde estávamos hospedados.
Os ventos do norte carregavam o cheiro das árvores e o farfalhar da mata.
Senti o arrepio subir pela nuca — não de medo, mas de