Revela
O amanhecer parecia carregado.
O ar estava mais frio do que o normal, e um tipo de inquietação pairava sobre a cidade, como se algo estivesse prestes a acontecer.
Desde a noite da boate, eu não conseguia parar de pensar em Augusto.
No modo como ele apareceu, nas palavras que disse, e principalmente no que não disse.
Tinha algo errado ali.
Algo que eu não conseguia nomear, mas que me deixava em alerta.
Na faculdade, ele voltou a frequentar as aulas, agindo como se nada tivesse acontecido — mas era impossível ignorar as sombras em seu olhar.
E, pior, eu comecei a perceber detalhes que antes passavam despercebidos.
Os dois funcionários da boate, por exemplo — Ruan e Lyra, se não me engano.
Agora pareciam estar por toda parte.
Na biblioteca, no estacionamento, no café da esquina. Sempre discretos, mas sempre perto de Augusto.
— Você viu aquele cara outra vez, né? — perguntou Clara, enquanto caminhávamos pelo corredor. — O tal Augusto.
— Vi, sim. — respondi, tentando soar casual.
—