Ficar longe dela era o certo.
Pelo menos era o que eu repetia para mim mesmo.
Mas o problema é que o certo nem sempre é o possível.
Eu tinha deixado a cidade de propósito. Meus pais haviam me chamado para uma reunião da alcateia principal, e eu usei isso como desculpa para colocar a cabeça no lugar — ou tentar.
Eles queriam falar sobre Enzo, sobre o novo ciclo de liderança, sobre o papel que eu “deveria reassumir” quando o momento chegasse.
Eu escutei, mas metade das palavras me atravessava sem deixar rastro.
Porque, desde que voltei, nada mais parecia se encaixar.
— Você não pode continuar se escondendo, Augusto — disse Ruan, meu beta, na noite anterior. — Fingir que é um lobo comum não muda o que você é.
— Eu não quero ser o que eu sou — respondi, ríspido.
Ele soltou um suspiro. — Você pode mentir pra eles, pra Hellena, pro mundo inteiro… mas não pra sua natureza.
Hellena.
O simples nome já era o suficiente pra me tirar o ar.
Eu tentei mantê-la longe. Tentei ser racional. Tentei não