O vento cortava as encostas como lâminas invisíveis, uivando entre as pedras, carregando vozes que ninguém conseguia entender — ou talvez, vozes que ninguém mais sabia ouvir.
O acampamento improvisado se encolhia contra uma formação rochosa, protegendo do frio que parecia mais uma presença viva do que apenas temperatura. As Montanhas de Tharvalis. Era esse o nome. Evelin encontrou o registro enquanto revisava, pela milésima vez, os escritos de sua avó.
— Montanhas de Tharvalis... — repetiu, em voz baixa, os olhos percorrendo as linhas desbotadas do pergaminho. — É aqui. E faz sentido. Minha avó sempre dizia que Tharvalis não era só pedra. Era... uma fronteira. Um limiar entre mundos.
Sentada numa rocha, ela segurava o livro contra os joelhos, as pernas cruzadas, enquanto o grupo formava um semicírculo ao redor da fogueira. As chamas estalavam, lançando sombras longas contra as paredes de pedra.
Silêncio.
Não aquele silêncio opressivo da incerteza... mas o da concentração. Todos estava