Ela não tinha nome quando surgiu nas bordas da floresta de Thariel, apenas olhos cinzentos demais para a idade e uma expressão que não combinava com o rosto jovem. Parecia ter doze, talvez treze invernos, mas caminhava como alguém que já havia visto o mundo acabar e recomeçar diversas vezes.
Ninguém sabia de onde ela viera. Era só mais uma sombra entre as árvores, uma criatura miúda de pés descalços e vestes rasgadas, que às vezes surgia nas aldeias abandonadas em busca de comida e desaparecia antes do nascer do sol. Havia algo de mágico em seu andar, como se o vento a seguisse, sussurrando segredos que ninguém mais ouvia.
Chamavam-na de Nara, nome dado por uma anciã que jurava ter sonhado com ela anos antes de encontrá-la. No idioma antigo, Nara significava “eco do vazio”. Era um nome estranho, mas combinava com a ausência que ela carregava nos olhos.
Nara não conheceu pais, não teve teto. Cresceu entre escombros e raízes, ouvindo histórias de velhos que já não lembravam o próprio no