Chegada à Fazenda – 04h01 da madrugada
A caminhonete preta cruzou o portão de ferro da fazenda Duarte sob o céu ainda escuro, onde apenas a linha do horizonte começava a clarear. O silêncio da madrugada fazia a propriedade parecer uma pintura antiga: os galpões adormecidos, os jardins imóveis, a luz tênue da varanda da sede.
Amanda dormia com a cabeça encostada no ombro de João. O vestido azul tinha marcas do longo jantar, o colar dos Duarte ainda pendia em seu pescoço. João parou o carro lentamente e, sem fazer barulho, desligou o motor. Olhou para ela por um momento e não disse nada.
Sabia que Amanda suportava o mundo com o rosto sereno. Mas ali, em seu ombro, ela era só mulher. E ele, apenas homem.
Com cuidado, a carregou no colo, como havia feito na noite de sábado. Amanda abriu os olhos devagar, sem se assustar.
— Chegamos? — sussurrou.
— Chegamos.
Cruzaram a varanda da sede em silêncio. A porta já estava destrancada. Dentro, tudo dormia. Até o relógio da parede parecia hesitar p