A chuva castigava os vidros do prédio, e o vento cortante fazia os galhos das árvores vergarem, como se a própria natureza pressentisse a tragédia. Dentro da sede, tudo corria normalmente — reuniões, telefonemas, o som dos teclados, passos apressados. Até que o mundo simplesmente parou.
O recepcionista entrou aos tropeços, pálido como cera, os olhos arregalados, a respiração curta e acelerada. A voz falhou nas primeiras tentativas, até que ele conseguiu soltar:
— Gente... na rádio... acabou de sair... um carro caiu da ponte do norte... — ele engoliu em seco, o terror estampado no rosto — é... parece ser... da família Duarte.
O impacto foi imediato. O som dos teclados cessou, os telefonemas ficaram no vazio, vozes presas nas gargantas. Um silêncio gélido, pesado, tomou o ambiente. Olhares se cruzaram, alguns descrentes, outros já marejados, tentando entender se aquilo era real ou algum mal-entendido.
As mãos trêmulas de uma das secretárias correram para ligar a televisão da recepção. O