O carro deslizava pelas ruas geladas de Moscou. A cidade parecia silenciosa, envolta em um véu pálido de inverno, e dentro do carro só se ouvia o som suave do motor e da respiração contida dos dois.
Amanda mantinha as mãos firmes no volante, mas seus olhos traíam a tensão que carregava. João a observava de lado, sem disfarçar.
— Você não disse nada desde que entrou — ele comentou, quebrando o silêncio.
— Não tenho o que dizer. Estava esperando você falar — respondeu ela, sem olhar diretamente para ele.
João encostou a cabeça no encosto, virando-se na direção dela.
— Não gosta de quando Bruno te beija na testa na frente de todo mundo?
Amanda suspirou.
— Ele me conhece há muito tempo. Fez isso em Londres, faz isso aqui. É um gesto de afeto, João, não de desejo.
— Não estou com ciúmes — ele mentiu, baixo.
Amanda riu, seca.
— Claro que não. Você só ficou mudo o caminho inteiro, com a mandíbula travada e as mãos tremendo.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
— Ele sabe coisas sobre v