FELIPE
O rugido atravessou a floresta como um trovão.
Felipe sentiu a dor dela antes de ouvir qualquer coisa.
Não foi físico, foi pior.
Um golpe na alma.
O vínculo queimou em seu peito, arrancando-lhe o ar, e o mundo se tornou um borrão vermelho.
— Alice… — o nome escapou como um sussurro rouco, inútil.
A visão turvou.
A dor se transformou em fúria.
E então, a besta tomou o controle.
O som de ossos se partindo ecoou enquanto seu corpo se transformava, músculos dilatando, garras rasgando a pele, a roupa se desfazendo.
O lobo negro emergiu.
Imenso, selvagem, olhos em brasa.
Felipe não pensou.
Correu.
A mata se abriu diante dele, os galhos quebrando, o chão tremendo sob as patas.
O vínculo o guiava, uma trilha viva de desespero e sangue.
Cada passo o aproximava do cheiro dela.
De Alice.
Ele atravessou a estrada, derrubou cercas, saltou pedras, até ver o brilho metálico de um portão industrial.
Um rosnado cortou a noite.
O portão cedeu com o impa