O hangar estava quase deserto.
O vento frio cortava o silêncio, e o eco dos passos de Felipe soava como uma marcha solitária.
O jato já o aguardava, motores prontos, luzes acesas.
Mas antes que ele subisse a escada metálica, André o alcançou.
— Alfa… — chamou, sem elevar a voz. — Sabe o que isso significa, não é?
Felipe parou, o olhar fixo no horizonte.
A lua refletia nas asas da aeronave, e o ar parecia vibrar entre eles.
— Sei. — respondeu, simples. — Estou arriscando tudo.
André cruzou os braços.
— O conselho vai exigir explicações. Seu pai…
— Meu pai vai sobreviver. — interrompeu, calmo. — E o conselho que questione a Deusa, não a mim.
O Beta o observou por um instante.
— Não teme o que vem depois?
Felipe respirou fundo.
Havia uma serenidade nova no olhar, algo que André nunca tinha visto.
— Não, André. — respondeu, firme. — O medo morre quando a dor vira certeza.
O silêncio se instalou entre os dois.
Era um silêncio pesado, antigo, mas carregado