O dia amanheceu arrastado, pesado.
Alice acordou suando, com a lembrança vívida do sonho da noite anterior — aquele lobo castanho-acinzentados a fitando no meio de uma floresta enevoada, o som rouco de um rosnado que parecia dizer o nome dela.
Ela levou a mão ao peito, o coração ainda descompassado.
“Eu preciso encontrá-lo.”
Não sabia de onde vinha a certeza, mas ela a consumia.
Era uma necessidade que queimava sob a pele, como se algo dentro dela chamasse por resposta.
Ela tentou ignorar, tentou se convencer de que era loucura.
Mas o vazio — aquela dor surda — a acompanhava desde o dia em que descobrira o nome Felipe Orsini.
E o casamento.
Ela fechou o notebook, sem coragem de ler novamente a manchete.
“Empresário e herdeiro do grupo Orsini anuncia casamento com Cecília Wortin.”
O texto era breve, impessoal, mas bastou para deixá-la em silêncio por horas.
Liandra percebeu desde cedo.
A amiga tentava esconder, mas o olhar distante e as respostas curtas a denunciavam.
— A