A lua cheia pairava alta, prateando o campo e projetando sombras que pareciam se mover com vontade própria.
O vento vinha da floresta, trazendo o cheiro da terra molhada e o eco distante de um uivo — o tipo de som que fazia o coração da matilha pulsar mais rápido.
Felipe estava sentado na poltrona do escritório, ainda vestindo a camisa escura manchada de poeira.
O corpo doía. O controle, conquistado com custo, ainda vacilava sob a pele.
A floresta o marcara — não com feridas, mas com a lembrança do limite que cruzara.
Zurk dormia, encolhido em algum canto da mente, mas a qualquer instante poderia despertar de novo.
Ele fechou os olhos e respirou fundo.
Por um instante, acreditou que teria uma noite de silêncio.
Mas a campainha soou.
Felipe levantou o olhar, um músculo tenso no maxilar.
Sentiu o cheiro antes mesmo de abrir a porta: perfume caro, doce demais, mascarando o cheiro natural de loba.
Cecília Wortin.
— O que você está fazendo aqui? — a voz dele soou fria, arrastad