O som do motor preenchia o silêncio dentro do carro. Felipe observava as luzes da cidade passando rápido pelas janelas, uma mistura de brilho e sombra que refletia o caos dentro dele. André dirigia com atenção, os olhos firmes na estrada, mas o olhar furtivo ao lado denunciava a preocupação.

— Então… jantar com a Cecília Wortin — André tentou um tom leve, como quem puxa assunto de rotina. — Não é muito o seu estilo social, não é?

Felipe permaneceu em silêncio, o maxilar tenso. As mãos, firmes sobre o joelho, pareciam conter uma força prestes a romper.

— Só espero que você saiba o que está fazendo — André insistiu, disfarçando a apreensão em um meio sorriso. — A Cecília é esperta, e… perigosa, às vezes.

Felipe desviou o olhar para o vidro, onde o reflexo frio de seus próprios olhos verdes o encarava de volta.

— Eu sempre sei o que estou fazendo. — A voz saiu firme, porém baixa, quase um murmúrio contido.

André suspirou. Já conhecia bem aquele tom, significava que não adiantava i