Quando o carro se afastou do restaurante, Felipe manteve o olhar fixo no vidro, o reflexo das luzes cortando o silêncio pesado dentro do veículo. André, ao volante, percebeu o semblante do Alfa e soube que era melhor não dizer nada.
Do lado de fora, a noite estava fria; do lado de dentro, o calor do vínculo latejava sob a pele de Felipe como uma febre silenciosa. Ele cerrou o punho, sentindo o corpo estremecer levemente. Era o lobo, inquieto, preso e furioso.
“Você fez isso por ela,” disse uma voz em sua mente, a dele, mas distorcida pelo timbre rouco de Zurk.
“Por ela. Por nós.”
— Por todos — respondeu em voz baixa, encostando a cabeça no encosto do banco. — Isso é pelo bem de todos.
Mas o lobo não acreditava.
“Mentiroso.”
O rugido ecoou em sua mente como um trovão abafado.
“Você acha que consegue enganar a mim? Você acha que consegue nos enganar? Eu sinto o que você sente. Eu sei o que está fazendo.”
Felipe respirou fundo, os dedos tamborilando sobre a perna, tentando mante