O aroma forte do café recém-passado se espalhava pelo salão principal da mansão Wortin, misturando-se ao leve perfume de rosas que sempre pairava no ar.
Cecília mexia o café distraidamente, o olhar fixo na janela. Do lado de fora, o jardim estava impecável, com as flores recém-podadas pela equipe de jardinagem. Tudo na casa dos Wortin era uma questão de aparência, nada fora do lugar, nada que fugisse ao controle.
Mas naquele momento, o que mais a incomodava era justamente o incontrolável.
Desde o evento em São Francisco, ela não conseguia tirar da cabeça a imagem de Felipe Orsini se afastando do salão, sem se despedir, sem dar qualquer explicação.
Tinha sentido algo diferente naquela noite, um olhar, uma tensão, algo que a fez acreditar que talvez houvesse uma brecha na armadura daquele homem.
Mas ele desapareceu.
E o silêncio que veio depois a corroía mais do que qualquer rejeição direta.
— Está pensando no Alfa Orsini? — a voz grave e pausada do pai quebrou o silênci