O carro estacionou diante do prédio, Alice sentiu o motor silenciar como se o mundo inteiro tivesse, por um instante, parado junto. A noite ainda estava fria, úmida, carregada com aquele ar que precede uma tempestade. Rafael desligou o farol, virou-se para ela e disse apenas:
— Quer que eu te acompanhe até a porta?
Ela balançou a cabeça devagar. O rosto pálido, os olhos perdidos em algum ponto do horizonte.
— Não precisa, Rafa. Eu… eu só preciso descansar um pouco.
Ele hesitou, os dedos ainda no volante, o olhar tentando encontrar algum sinal de que ela estava bem. Mas o que viu foi uma sombra do que Alice costumava ser — uma mulher que agora parecia feita de vidro, frágil, quase transparente.
— Tá bem — respondeu ele, enfim, num tom que misturava resignação e preocupação. — Se precisar de qualquer coisa… me liga, tá?
Alice assentiu sem responder, abriu a porta e saiu. O som do motor se afastando pareceu arrastar algo dentro dela, como se o pouco de estabilidade que rest