O apartamento estava escuro, exceto pela luz mortiça que vinha da rua. Sasha largou a jaqueta sobre a cadeira, o corpo ainda tenso. Passou direto pela sala, foi até o bar, pegou a garrafa de vidro fosco com o líquido âmbar mais forte que tinha. Um uísque russo que ardia até a alma.
Despejou no copo sem medir. Bebeu como se fosse água. Sentiu o líquido queimar a garganta, mas não disse nada. Era melhor do que o que queimava por dentro.
A fera dentro dele se remexeu. Um rosnado seco ecoou em sua mente.
“Você deixou.”
— Vai começar?
“Deixou aquele parasita entrar. Rastejou pelas rachaduras. E você... Nem viu.”
Sasha fechou os olhos. O segundo gole desceu mais pesado.
— Eu vi. Só... Tarde demais.
“Tarde demais é quando já estamos mortos. E você quase estava.”
Ele se recostou no sofá, jogando a cabeça para trás. O teto parecia girar levemente, mas não era a bebida. Era o peso da consciência.
— Aquela coisa... Aquele híbrido maldito. Ele sabia. Sabia o que mostrar.
“Ele farejou sua fraqueza