O relógio marcava pouco depois da meia-noite quando Carla encostou as costas na parede fria do corredor do pronto-socorro, fechando os olhos por um segundo, como quem suplica silenciosamente por mais fôlego.
O hospital pulsava como sempre: sirenes ao longe, pacientes chegando, alarmes disparando, a vida e a morte se cruzando sem pedir licença.
Ela abriu os olhos devagar, ajustou o jaleco e puxou o crachá preso ao bolso, passando automaticamente pela catraca até alcançar a sala de descanso. Lá dentro, o cheiro abafado de café velho misturava-se ao de desinfetante.
Jogou a bolsa em um dos ganchos, puxou a cadeira de metal para perto do armário e, sem pensar muito, abriu a porta onde sempre guardava suas coisas.
No fundo, presa com fita, uma foto meio amassada: ela, Susan e Jenn, abraçadas e rindo, ainda no antigo apartamento. A lembrança arrancou um sorriso discreto, mas também trouxe aquele peso familiar ao peito.
Passou os dedos pela borda desgastada da imagem e murmurou, como quem