[...]
Eles trocaram um daqueles olhares rápidos, mas carregado de significados não ditos. Joana respirou fundo antes de falar, a voz firme, mas com um cuidado quase palpável:
— Renata, a gente precisa que você pense na possibilidade de retomar a hipnose. Nem que seja por pouco tempo. Não para abrir feridas antigas, não para se machucar de novo. É só… para tentar prender melhor as peças soltas: datas, lugares, intervalos. Quem sabe encontrar um fio que leve até ele.
Rafael se inclinou levemente para frente, completando com um tom que misturava urgência e esperança:
— Pode ser qualquer coisa… uma placa de carro, um sobrenome rabiscado numa pasta, o nome de um hotel perdido numa agenda...
Joana assentiu e, com os olhos fixos em mim continuou a tentar me persuadir.
— O seu cérebro é o único cofre onde algumas dessas pistas ainda existem. Mesmo distorcidas, mesmo quebradas. O resto… a gente cruza com o que tiver nos documentos.
Joguei a cabeça para trás, deixando o peso do momento escorrer