"Há espelhos que não refletem o rosto, mas a ruína silenciosa de quem sempre fingiu ser inteira. E, no fundo da imagem perfeita, mora a sombra de tudo o que está prestes a desmoronar." — Do diário de D.
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O silêncio no quarto de Victoria era pesado, como uma névoa densa que se espalhava pelos cantos, dificultando a respiração. As paredes, que um dia a acolheram com familiaridade, agora pareciam conspirar contra ela, fechando-se lentamente, como se fossem cúmplices de um segredo que ela se recusava a enfrentar.
Ela sentia que estava perdendo o controle, e essa sensação era tão inevitável quanto assustadora.
Sentada na frente da penteadeira, o espelho refletia uma imagem perfeita: pele lisa e bem cuidada, uma maquiagem delicada que realçava sua beleza e cabelos arrumados com precisão quase cirúrgica.
Era uma perfeição que parecia inabalável, como a de uma boneca de porcelana. Mas Victoria sabia. Ela tinha consciência de que, por trás daquela fachada cuidadosamente montada, as rachadur