"Às vezes, o que te salva não é heroísmo. É simplesmente deixar de servir aos propósitos deles." — (Anotação de R.)
[...]
Marta continuou, aparentemente inconsciente do terremoto interno que suas palavras causavam em mim.
— Bem, se você realmente disse "não" quando estava consciente e não-coagida...
Ela fez uma pausa carregada, seus olhos encontrando os meus pela primeira vez com peso insuportável. E então explicou com uma lógica brutal.
— A partir desse momento exato, você automaticamente virou risco para a operação deles.
Ela deixou a palavra pendurada no ar como lâmina.
— Pra esse tipo de gente, "risco" não é alguém que briga fisicamente. Não é quem faz escândalo, quem chora, quem implora.
Sua voz desceu para um sussurro áspero, como se estivesse me passando segredo de guerra.
— Risco é alguém que pode abrir a boca depois. Alguém que pode denunciar. Alguém que sabe demais e não está controlada.
Ela respirou fundo, e o que veio a seguir saiu como confissão:
— Você não foi a primeira