“Quando o labirinto cansa, a memória pede atalho.” — (Anotação de R.)
Guilherme Santoro me deu um nome, não a saída. Foi o procedimento que me trouxe até aqui, não a fé — essa abstração que nunca me serviu de muleta. Mas algo no corpo começou a pedir outra coisa, uma urgência mais visceral que o protocolo: lembrar. Não como quem revisita, mas como quem escava.
Joana falou primeiro, e sua voz tinha aquela textura cuidadosa de quem aprendeu a oferecer sem empurrar, a sugerir sem invadir.
— Tenho alguém. Dra. Iasmim Duarte. Forense, protocolo limpo. Sessão gravada, sem plateia. Se você quiser tentar...
A palavra “tentar” flutuou entre nós como uma proposta honesta, sem promessas vazias.
— Palavra de segurança? — perguntei, e minha voz saiu mais firme do que eu esperava, como se uma parte de mim já tivesse decidido antes do resto.
— A mesma de sempre. Cedro. Se disser, a sessão para na hora.
Assenti. O simples ato de concordar fez subir um calor antigo na nuca — aquela sensação paradoxal