“O olhar do outro me modifica. Sob o olhar do outro, torno-me outro.” — (Jean-Paul Sartre)
Às onze, o coquetel começou a se desenhar — garçons coreografados, taças alinhadas, painéis com o logotipo em tons sóbrios, jornalistas calibrando perguntas.
Renata circulou o suficiente para ser ponte e o bastante para continuar invisível onde precisava.
Atravessou o salão como quem conhece o desenho do próprio inimigo: cumprimentou parceiros, alinhou entrevistas em três eixos, sorriu o suficiente para não parecer máscara, mas o bastante para preservar o que não era público.
Ela havia dedicado décadas para aperfeiçoar o controle total de suas reações físicas — cada expressão facial, o sutil movimento dos olhos, o deslizar quase imperceptível das mãos — tudo era uma dança calculada, uma habilidade que ela havia aperfeiçoado por pura necessidade de sobrevivência.
No mundo corporativo, onde um sorriso fora de hora ou um olhar mal interpretado podiam destruir reputações, ela aprendera a ler e a ser