— Você não entende. — A voz falha. — Eu passei a vida construindo muros. Não dá pra saber o que o Antony faria se soubesse. Não sei o que o Misa faria. O ambiente aqui… — ela varre a copa com os olhos, como se os azulejos também guardassem segredos — é um campo minado.
Penso no que já vi: bajulações, alianças, favores que viram facas. Penso no Antony segurando um salão inteiro com um sorriso calculado, penso no Misa variando entre tempestade e sarcasmo. Ainda assim…
— Uma hora ele vai descobrir — digo, gentil, sem suavizar demais. — Antony sempre descobre. E o Aiden… ele é um homem. A verdade não vai quebrá-lo, Katie.
— Vai quebrar a mim — ela sussurra, honesta.
O cheiro de café velho paira. Lá fora, alguém ri alto. Aqui dentro, estamos três décadas atrasadas.
— Olha — continuo, escolhendo a honestidade que gostaria que tivessem tido comigo —, eu não vou fabricar motivo pra demitir o seu filho. Mas eu posso… — paro. Não posso prometer o que não controlo. Respiro. — Eu posso observar,