A lua cheia pairava como um disco frio sobre Manhattan. Sem estrelas, sem respiro. A fachada do Plaza, toda creme e cornijas, brilhava sob os holofotes; fotógrafos se alinhavam em duas fileiras com suas lentes como bocas de túnel, cuspindo flashes que riscavam o ar. O chofer abriu a porta e a friagem me bateu de frente, misturada ao perfume caro que sempre ronda eventos da Quinta Avenida. Matt deu a volta no carro e me ofereceu a mão — paletó impecável, gravata alinhada com a calma habitual, aquela calma que, naquele momento, era o meu único chão.
— Pronta? — ele sussurrou, o hálito morno contra o meu ouvido.
— Nem um pouco — sorri de canto, o sorriso que uso quando preciso atravessar um campo minado.
O tapete vermelho começava na calçada, contornava a fonte de Pulitzer e entrava pela porta giratória como uma língua de veludo. A repórter, vidro de brilho nos lábios, acenou para a câmera:
— O grande dia chegou! — anunciou, voz treinada em tom de euforia. — O casamento de um dos homens