Troquei mais duas frases, escapei com a desculpa do toalete. No espelho do banheiro, uma mulher em vestido rosa claro olhou de volta. Eu, mas outra — redoma de renda, olhos mais cansados, a barriga mais explícita do que qualquer palavra. Retocar o batom foi uma pausa. Puxei ar; abri a porta.
Misa estava do lado de fora, encostado na parede como se o corredor fosse propriedade dele. A música da festa parecia debaixo d’água; a luz amarelada esticava sombras nas molduras e deixava todo mundo com pele de champanhe. Ele não parecia bêbado — cheirava a uísque caro, sim —, mas os olhos estavam lúcidos demais, cortando de um ponto a outro do corredor como quem mede ângulos de tiro. Por reflexo, minha mão foi à barriga quando senti um mexer discreto. Eles sentiram.
— Margo — a voz dele veio rouca, rasgada de algo que eu não soube nomear.
— Misa.
Ele demorou um segundo para responder, o olhar descendo até o meu ventre e voltando, duro. O maxilar marcava; os nós dos dedos branqueavam contra o bo