Claire
O jantar contínuo. A comida era deliciosa, mas a cada garfada eu sentia o estômago mais apertado, como se estivesse engolindo chumbo. Eu não participei de nenhuma conversa, e Jean-Luc também não fez questão de iniciar uma em francês para me incluir. Todos falavam em alemão, italiano e outra língua que eu não sabia se era espanhol ou português, ignorando minha presença com uma naturalidade quase ensaiada. Era como se eu fosse um fantasma na mesa.
A única pessoa que parecia demonstrar algum interesse em mim era René. Ele me olhou atentamente, como se quisesse verificar se eu estava bem, mas não disse nada. Jean-Luc, por outro lado, parecia imerso em seu próprio mundo, como se minha exclusão não fosse algo que o incomodasse.
Olhei para o relógio na parede atrás de Tatiana. Os ponteiros pareciam congelados. O tempo se arrastava, e minha ansiedade só aumentava. Eu me senti como uma intrusa em um ninho de cobras, incapaz de entender suas línguas ou sobre o que gesticulavam vez ou out