Capítulo 14
Claire

Lavava os pincéis na pia, ao canto da sala, enquanto ainda sentia pulsar na minha mente o desejo de pintar. Apanhei alguns dos pincéis e sentei-me em frente a uma tela vazia, próxima da janela e de costas para a porta. Molhando o pincel chato de três centímetros na tinta preta da paleta em minha mão esquerda, dei a primeira pincelada escura na tela.

Suspirei, sentindo um pouco de alívio. Fazia tempo que não pintava algo que não fosse uma cópia careta de algum pintor impressionista. Lentamente, segui pintando. Sem pressa. Meu coração batia mais forte, vez ou outra, um pouco mais rápido. As mãos suavam frias.

Mergulhei o pincel no copo d’água e apanhei outro, uma língua de gato. Comecei a fazer o contorno da figura que vagarosamente surgia em minha tela em tons de azul. Concentrei-me tão bem no que fazia que não percebi quando alguém entrou na sala e se aproximou por trás. Quando senti mãos masculinas se agarrarem à minha cintura, gritei, levantando-me em um pulo, derramando em
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