~Na voz de Clara~
Pela manhã, acordei com as flechas de sol atravessando as cortinas de linho. O lençol ainda guardava o perfume de Lorenzo, mas ele já não estava ao meu lado. Levantei-me devagar, tomei um banho rápido e desci as escadas.
Cada detalhe daquela mansão parecia ter sido meticulosamente calculado — nada estava ali por acaso. A harmonia entre o mármore frio e os tons quentes da madeira, os vitrais filtrando a luz dourada... tudo parecia saído de um conto de fadas moderno.
Na sala de estar, uma sequência de porta-retratos chamou minha atenção. Havia fotos de Graziela, de Lorenzo ainda menino, de dona Victória e de seu Julian. Entre elas, uma imagem me prendeu: uma mulher de aparência nobre, já de idade, mas com uma elegância natural. Tinha os cabelos castanhos e os olhos idênticos aos de Lorenzo.
Enquanto eu observava, senti seus braços envolverem minha cintura por trás.
— Essa é minha avó, Rose — disse ele, encostando o queixo em meu ombro. — Uma inglesa que, ao lado do meu