Já caía a noite quando o jatinho tocou o solo em Nova York. O céu estava encoberto, e as luzes da cidade cintilavam como se refletissem o turbilhão dentro de mim. Meu celular havia descarregado, então liguei o computador a bordo e recebi de Alerrandro o endereço do hospital onde Clara estava internada.
Fui para lá como uma bala. O trânsito parecia um inimigo pessoal, cada semáforo um obstáculo entre mim e ela. Eu só queria vê-la, tocá-la, ouvir sua voz e saber que estava bem.
O hospital era um dos mais renomados da cidade — um prédio imponente, de fachada espelhada, com o nome em letras prateadas gravadas na entrada. O saguão era amplo e silencioso, dominado por mármore branco, o perfume suave de lavanda e o som distante de passos contidos. Era um lugar onde dinheiro comprava conforto, mas não aliviava o medo.
Assim que anunciei meu nome na recepção, as atendentes se entreolharam e logo uma delas se levantou, conduzindo-me até o elevador.
— A senhorita Clara está no quarto 903, senhor