Após o café, subimos devagar para que Clara pudesse descansar um pouco. Observei-a se deitar, com aquele cuidado que seu corpo ainda exigia, e por um instante fiquei ali, parado na porta, absorvendo a serenidade rara daquele momento. O celular dela vibrou — era Rafaela. Como sempre, ligava para saber como ela estava, como se sua voz pudesse medir febre, humor e esperança ao mesmo tempo.
Deixei que conversassem e fui até a varanda.
Durante aqueles vinte dias, Alerrandro mantivera tudo em equilíbrio por mim, mas eu sentia que nada fluía com a mesma precisão sem o meu toque final. Era como se o mundo estivesse suspenso, aguardando Clara melhorar para voltar a girar.
Abri o notebook e tentei me concentrar na nova coleção — tecidos, cortes, datas, prazos. A exposição da Maison Bianchi em Nova York precisava de decisões urgentes, e eu fazia o possível para resgatar o ritmo. A manhã passou assim: Clara repousando no quarto e eu tentando reorganizar minha mente, como quem volta à vida devagar