O ar da noite estava pesado, mas era o único que eu conseguia respirar. A varanda estava silenciosa, iluminada pelas luzes fracas da festa ao fundo. O vestido pesava no meu corpo junto com tudo o que eu sentia. Era muita coisa. Medo, raiva, alívio, exaustão. Mas acima de tudo, era dor.
Ouvi os passos antes mesmo de vê-lo.
— Sabia que você estaria aqui. — disse meu pai, parando atrás de mim.
Fechei os olhos por um segundo. Não queria brigar, não ali, não agora. Mas Carlo nunca soube esperar o momento certo para ser um merda.
— O que você fez com seu irmão… — ele começou.
Virei de frente, encarando o homem que me deu a vida e nunca me protegeu dela.
— O que ele fez comigo, você quer dizer?
Ele se aproximou mais.
— Ele era doente por você, mas você também nunca ajudou. Sempre provocando, sempre querendo atenção. Você tem parte nisso, Angeline. Sempre teve.
As palavras cortaram como navalhas. O sangue subiu à minha cabeça. Senti a mão tremendo.
— Eu era uma criança!
Gritei. Cus