Dois meses.
Já se passaram dois meses desde o transplante. Sessenta dias que, para muitos, poderiam parecer simples páginas viradas no calendário. Mas para mim, cada um deles teve o peso de uma vida inteira.
A recuperação de Giulia tem sido um milagre silencioso. Um processo lento, cauteloso, mas que nos devolveu, pouco a pouco, a esperança. Ela ainda não está fora de perigo. Ainda não temos permissão para relaxar. Mas ver sua cor voltando ao rosto, seus olhos brilhando com mais frequência, e os pequenos sorrisos que escapam quando se distrai com Isa... isso é tudo que eu precisava para acreditar que estamos no caminho certo.
Os primeiros dias foram os mais duros. A internação longa, os exames frequentes, o cansaço estampado no rosto de Isa, que mesmo doando o corpo, nunca deixou de doar também a alma. Ela esteve ali por nós dois, sem nunca reclamar. As visitas ao hospital seguem frequentes — duas vezes por semana — para monitoramento. Hemogramas, marcadores, contagem de plaquetas...